segunda-feira, 27 de junho de 2011

Em síntese

Em síntese, na minha opinião, o cristianismo pode ser explicado da maneira a seguir.

1. O homem, ao usar sua razão, choca-se com o fato de existir. Ele é um milagre! Sua razão força-o a buscar saber de onde veio, o que deve fazer na Terra, e para onde vai.

2. Esse choque manifesta-se especialmente em duas ocasiões: quando sofre e não sabe explicar os motivos do seu sofrimento, ou quando, usando sua mente inquiridora, fica ciente de sua fragilidade e, ao mesmo tempo, capacidade de compreender.

3. A existência de um fundamento último da vida impõe-se pela intuição combinada com vivências e experiências planejadas, ou, em alguns casos, por meio de experiências culminantes.

4. O povo judeu, com sua experiência documentada na Bíblia, além de sua existência atual para testemunhar sua história, aparece como garantia de que o cristianismo tem fundamento histórico.

5. Jesus Cristo, em dado momento, impõe-se ao homem reflexivo como modelo a seguir. Ele anunciou a Boa Nova, ou Evangelho, que liberta a tantos quantos têm a alegria de conhecê-lo.

6. Sendo escolhido, ou escolhendo o Evangelho para conduzir sua vida, o homem, embora submetido a todo tipo de sofrimento, torna-se imune, pois, pela fé, fortalece sua confiança na sua origem, responsabilidade na Terra e destino final.

7. Sua meta, aqui, é aprender a arte de amar, apesar de todas as barreiras, principalmene a do seu ego, que pretende viver por si e para si, sem considerar nada além de si.

8. Embora o homem possa ser treinado mecanicamente na tradição cristã, ele pode, a qualquer momento, adquirir plena consciência sobre a verdade e, assim, agir livremente. Ele se realiza em Cristo assumindo-se mero peregrino neste mundo.

9. Consciente de sua identidade verdadeira, o homem pode viver seguro em meio à insegurança típica da vida na Terra. Ele pode dominar sua condição material, tornando-se senhor da matéria e artífice de suas condições de vida. Para isso ele precisa tornar-se escravo da verdade.

10. Entregando-se a Cristo, e tomando-o como referência, o homem pode, finalmente, realizar o potencial de Cristo que está em si. Essa autorrealização implica reconhecer o próximo como irmão, ao qual deverá prestar serviços como se fosse para si mesmo, em nome de Deus, o Pai de todos.

E assim se completa o conhecimento básico mínimo para que cada homem assuma sua liberdade com responsabilidade. Tudo o mais é secundário, embora ainda útil. Por exemplo, unir-se a determinado grupo para realizar sua missão e sua visão de futuro, mediante os valores inerentes ao Evangelho do amor, anunciado por Cristo.

Por analogia com a ilustração da circuncisão física com a circuncisão do coração, comunidade cristã não é aquela que, formalmente, adere ao Evangelho, mas aquela que o pratica de fato. Ela pode estar em qualquer lugar, mesmo que seus membros tenham pontos de vista filosóficos, políticos e relgiosos diferentes quanto aos aspectos secundários.

Em síntese, tudo se resume no amor, que se adquire pela prática. Para tal, é preciso aceitar, pela fé, o que não pode ser visto. Assim, o caminhante pode prosseguir com esperança, vivendo, desde já, como se estivesse na sua pátria verdadeira: o Céu.

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