sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Aviso aos auditores do pecado alheio

O homem peca por pensamentos, palavras e atos, combinando todas essas possibilidades. Ele nada pode esconder de Deus, mas pode tornar difícil a vida dos seus auditores humanos.

Quanto aos pensamentos, há como escondê-los. Quanto às palavras, há como escolhê-las de forma que não representem o pensamento verdadeiro. Quanto aos atos, eles podem, em parte, ser praticados longe dos olhos dos auditores, embora sempre possam vir à tona com o tempo.

Contudo, dá menos trabalho apontar o dedo para os atos manifestos das pessoas que não têm a habilidade, ou a desonestidade de escondê-los. É fácil julgar quem fuma, bebe e pratica abertamente outros atos considerados pecaminosos pelos auditores do pecado.

Embora alguns desses pecadores ajam de forma deliberada, e não estejam "nem ai" para seus auditores, alguns deles, ou talvez muitos, deveriam ser ajudados por especialistas em saúde, ou por conselheiros sábios. Contudo, muitas vezes eles são desprezados e injustamente considerados indignos de apoio, sendo logo entregues a si mesmos para que se danem sozinhos.

Os auditores do pecado alheio precisam ficar mais atentos com os exemplos históricos e cotidianos. Vejamos alguns deles.

Certo homem não bebia, não fumava, e tinha hábitos muito apropriados à conservação da sua saúde. Ele queria salvar o mundo, tendo convencido muitos intelectuais e religiosos do seu país a dar-lhe aval. O homem era Hitler!

Conheci, na minha infância, um homem aparentemente muito religioso pelos padrões ortodoxos. Ele não bebia, não fumava, falava pouco e era considerado dedicado à família, ao trabalho e à igreja, na qual era autoridade exemplar. Um dia, durante a investigação de um crime bárbaro, ele suicidou-se ao perceber que havia sido descoberto como sendo o assassino.

Por outro lado, vi um homem bom ser expulso de sua igreja por ter-se tornado alcoólatra devido a decepções pessoais profundas. Ele não teve apoio para curar-se; antes, foi excluído sumariamente da membresia. Alguns anos mais tarde o homem se recuperou sozinho, vindo a reintegrar-se à igreja, sem mágoas. Conheço bem essa história, pois ele era meu pai.

Senhores auditores do pecado alheio: é preciso aprender a fazer o seu trabalho! No mínimo, é necessário aprender a arte da investigação, de modo a não julgar o réu antes da hora. É preciso, além de aprender a raciocinar como investigador, colocar-se no lugar do outro antes de julgá-lo. Isso é imperativo, ainda que não aceitem a ordem do Cristo "Não julgueis, para que não sejais julgados. Mateus 7:1".

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Ignorância, conhecimento e sabedoria

O homem nasce ignorante, porém, com potencial de conhecer e caminhar para os altos cumes da sabedoria. Reivindico que esta afirmação é inteiramente bíblica, lógica e suportada pelo bom senso embora, talvez, possa ser inacessível ao senso comum, quando este compartilha a ignorância.

Que o homem nasce ignorante, é evidente por si mesmo que assim é. Que ele tem potencial de conhecer, isto é também evidente por si mesmo. Já a afirmação de que o homem tem o potencial de sabedoria exige mais atenção, pois apenas uma minoria demonstra atingir essa condição.

A sabedoria propriamente dita é um atributo divino. E, sendo o homem uma criatura de Deus, feita à Sua imagem e semelhança, ele, imitando Jesus Cristo, pode aproximar-se de Deus pelo amor e, assim, incorporar um pouco da sabedoria divina.

Mas, estando no mundo, o homem é obrigado a aprender a lidar com as coisas do mundo, não para tornar-se mundano, mas para, pelo conhecimento, superá-las rumo á sabedoria divina. O impulso para essa busca é a fé, e sua concretização, o amor.

O conhecimento das coisas do mundo gera as coisas do mundo: bens, serviços e sentimentos mundanos. Este é o homem do mercado, ou o homem do mundo. Entretanto, há uma essência no homem que faz com que ele não se realize com essas coisas do mundo, e nelas se fixe apenas  como doença. Sua saúde integral exige que o homem supere sua condição mundana.

A sabedoria, pois, é a grande meta. E essa sabedoria só pode consolidar-se no amor. E uma vez que o homem ama, ele muda o seu relacionamento com o mundo, deixando de ser um homem do mercado, para tornar-se participante do Reino de Deus na Terra, pela sabedoria que vem de Deus.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Minha Confissão de Fé


O título desta postagem deveria ser A Confissão de Fé de Jesus Cristo. Eu dei-lhe o título de Minha Confissão de Fé apenas para ressaltar que faço minha a Confissão de Fé de Jesus Cristo.

As confissões de fé existem em profusão.  Algumas são contraditórias entre si, em alguns pontos,  e alimentaram guerras religiosas. Então, minha consciência obrigou-me a um posicionamento definitivo, e eu optei por fazer minha a Confissão de Fé de Jesus Cristo.

Artigo 1º
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.
Marcos 12:30-31 

Artigo 2º
Revogam-se as disposições em contrário.

Contudo, devo explicar um pouco mais a minha posição. O homem, sendo falível por natureza, embora perfectível em Cristo, busca a Deus de acordo com suas condições de existência. E não poderia ser diferente, pois ele parte de uma condição de absoluta ignorância ao nascer, e toda a sua formação inicial depende do meio que o educa.

Tendo oportunidade, ele pode questionar o que aprendeu, e buscar respostas melhores para si. Enquanto o fizer de boa fé, acredito que ele não pode ser considerado culpado por não encontrar a verdade, a menos que a verdade, no caso a Verdade, que é Cristo, se revele a ele pessoalmente. E, mesmo assim, ele pode ser confundido por anjos maus que se apresentam como anjos de luz.

Então, só me resta crer, usando o meu raciocínio, que, diante de Deus, o homem é como uma criança. E uma criança não pode ser culpada de sua ignorância; nem da educação que recebeu e que internalizou. Portanto, qualquer um que buscar a Deus com boa intenção, qualquer que seja a Confissão de Fé que foi levado a adotar, será aceito pelo Altíssimo e, se necessário, educado para corrigir-se quando Ele julgar conveniente.

Sob esta perspectiva, todas as  Confissões de Fé são válidas, desde que não atendam a políticas intencionais de má fé. E, mesmo que elas tenham sido elaboradas de má fé, as crianças que as seguem com a firme intenção de buscar a Deus serão aceitas por Ele. Porém, julgo que cada um, no uso de sua consciência, está livre para escolher uma Confissão de Fé que esteja de acordo com a sua maturidade.

Em decorrência do que foi dito anteriormente, pode-se concluir que, embora a Igreja Perfeita só exista no Céu, é lícito a cada um  procurar uma igreja aqui na Terra que esteja de acordo com a sua maturidade, ou consciência, esta passível de mudança pela educação. Nada melhor do que isso o homem pode fazer, a não ser que Deus aja diretamente sobre a sua consciência para corrigi-la.    



terça-feira, 7 de agosto de 2012

O paradoxo da religião

A Folha de S. Paulo publicou, no dia 7/09/2010, na página A13, no seu Caderno de Ciência, um artigo interessante. Trata-se do resultado de uma pesquisa com mais de 450 mil pessoas em todo o mundo, sobre os fatores principais que causam tanto a felicidade quanto a infelicidade.

Daniel Kahneman, da Universidade de Princeton, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2002, foi coautor da pesquisa publicada na revista científica "PNAS". Nessa pesquisa a solidão foi apontada como a maior causa isolada da infelicidade humana. Ao mesmo tempo, a religião foi apontada como a principal causa isolada de felicidade.

Abraham Maslow, o grande psicólogo do século passado, já defendia que somente as pessoas que atingem a saúde mental plena são capazes de viver sozinhas se isso for necessário. Essas pessoas até buscam a solidão voluntariamente em certas circunstâncias. Mas o tipo solitário autossuficiente pode tornar-se inútil para os seus semelhantes, pois o homem é, entre outras definições, um animal social.

Quanto à religião, sabe-se que o seu germe está inserido na natureza humana. Pode ser que um ou outro homem diga-se imune à sua influência. Ela pode ser altamente formalizada e eivada de hipocrisia, mas pode também ser caracterizada pela informalidade e verdade no mais alto grau. Na pesquisa de Kahneman ela recebeu novo brilho como sendo o principal fator isolado que contribui para a felicidade humana.

A religião, por natureza, une os homens da mesma fé e torna-os irmanados numa causa pela qual dariam a própria vida com alegria. Esses homens irmanados podem sentir-se felizez, porém, se fundamentalistas, podem predispor-se à violência contra grupos religiosos que, apesar de terem o mesmo Deus, podem lutar entre si visando à extinção mútua. A mesma religião que torna os seus adeptos felizes pode ser fonte de violência. Ao mesmo tempo ela contém o potencial de verdade e de transformação profunda do caráter violento em um caráter sociável.

Assim, não é surpresa que a religião seja o mais efetivo antídodo contra a solidão. E, tratando-se da religião verdadeira, a felicidade que a acompanha é indizível e compartilhável por todo ser humano saudável. Não surpreende, pois, que a religião tenha sido tratada como uma questão de Estado. Ao mesmo tempo, não surpreende que muitos sábios tenham reivindicado que ela seja afastada da interferência manipuladora do Estado. Mas, não resta dúvida de que o Estado deve ficar atento ao seu uso potencial como a mais refinada forma de manipulação da mente humana.

A religião, quando submetida ao crivo da razão, torna-se um fator de libertação. Ela não pode prescindir da educação de alto nível, ainda que ela possa ser combatida pelas pessoas que se submeteram a esse tipo de educação. Os filósofos superficiais geralmente são contra a religião; mas, quando eles são profundos, compreendem-na e respeitam-na, mesmo quando não a seguem na sua versão formal e ritualizada.

Segue-se que a religião deve ser estudada criticamente. Tudo que, ao longo dos séculos, tornou-se imune à mais ferranha crítica, faz parte do seu núcleo verdadeiro. E esse núcleo, até o momento, coincide com o amor. O cientista social Erich Fromm destacou esse fato nos seus livros O Dogma de Cristo e Psicanálise e Religião. Essa mesma conclusão foi tirada por outros pscicanalistas, entre eles alguns tidos por ateus.

A religião do amor, como aquela defendida por Jesus Cristo, tem agora essa confirmação empírica. Ela é o melhor antídodo contra a solidão. Mas, ela não pode prescindir da razão sob pena de tornar-se um grande flagelo para a Humanidade.

sábado, 30 de junho de 2012

Em verdade vos digo que:

Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. 
1 João 4:8

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O cristianismo e a transformação social


O cristianismo é a religião da transformação social. Pressupõe que essa transformação se inicie pela conversão pessoal a uma nova maneira de viver. Sua identidade compõe-se de missão, visão de futuro e do cultivo de algumas virtudes gerais e especiais.  Reconhece que o homem deve realizar suas atividades na Terra em meio às incertezas do ambiente. Recomenda a  ação transformadora no dia-a-dia a partir das pequenas oportunidades que se manifestam a cada pessoa.

A missão do cristão é “absorver, praticar e disseminar a Palavra” e, assim, dominar o pecado – prática do desejo inconveniente -, tornando-se agradável aos olhos de Deus. Essa exigência de domínio do pecado/desejo foi feita em Gênesis 4:7, e permeia toda a Bíblia como um dos seus temas centrais. Após a queda o homem deixou de ser perfeito, mas manteve-se  perfectível por meio da graça que, concretizada pela fé, gera boas obras.

A visão de futuro do cristão está registrada em várias passagens bíblicas, e  refere-se tanto à Terra como ao Céu. Aquele que perseverar na prática da Palavra viverá no eterno gozo da presença do Senhor. A Terra transformada será local de paz, prosperidade, justiça e beleza. O seu futuro deve ser construído, na Terra, com a ajuda de Deus, mas ele próprio é o agente que coloca em ação os dons e talentos que lhe foram dados. Quanto ao seu futuro no Céu, ele depende de Deus, mas cada um terá o galardão das obras que sua fé tiver proporcionado, no uso da graça que lhe foi dada.

As virtudes do cristão compreendem aquelas de natureza cívica, como a coragem, a temperança,   a justiça e a sabedoria, mas as ultrapassa pela  fé,  pelo amor e pela esperança. Entre essas excelentes virtudes destaca-se o amor, que jamais comete o mal contra o próximo. Quando praticadas e refletidas produzem seres humanos transformados em fontes de  luz num mundo assombrado pelas  trevas da ignorância e do desejo insaciável.

Quando atinge sua fase final de crescimento, o cristão pode vir a conhecer a Deus por experiência própria, e não apenas por ouvir falar a Seu respeito. Essa experiência que, para os místicos, consiste em fazer-se um com Deus, leva-o a encontrar o Reino de Deus dentro de si e no meio da sua comunidade. O conhecimento de Deus dispensa a crença hipócrita que coloca o homem em situação inferior à do diabo que, como sabemos, também crê, embora seja contra.

Há várias passagens bíblicas que oferecem sínteses poderosas  da identidade cristã que leva à transformação pessoal e, por extensão, à transformação social. Entre elas podem-se citar: “fazer aos homens aquilo que quer que eles lhe façam”; “cuidar dos desprotegidos em geral” e, como síntese das sínteses, “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

O cristão propõe-se carregar um fardo que no começo pode parecer pesado e amargo  mas que, no fim, torna-se leve e saboroso. Pelo autodomínio, torna-se senhor de si. Pela fé, transforma a fraqueza inicial em força invencível. Pela esperança, torna-se construtor do futuro. Pelo amor, torna-se bálsamo para o  sofrimento alheio.

Para o cristão não há derrotas, apenas experiências de crescimento em Cristo. Ele pode começar a transformação social com um sorriso, um aperto de mãos ou um ato de solidariedade. Contudo, os bons frutos dessa boa árvore só acontecem, realmente, mediante o novo nascimento em Cristo. 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Meu amigo pirou

Meu amigo era um ateu muito crente. Ele dizia: - Sou ateu, graças a Deus.

Como ateu, ele tinha o caráter de um bom cristão. Nunca usou aliança, mas nunca traiu a mulher. E nem sequer pensou na hipótese de traí-la. Sempre que pode, ajuda o seu próximo. Mas, sua razão rebelou-se contra as chantagens emocionais com que tentaram catequizá-lo na infância.

Outro dia meu amigo foi a Machu Pichu, no Perú, e pirou de vez. Ele foi impactado de tal maneira que voltou adorando o sol. Ele se tornou zen, e está em lua de mel com o mistério divino.

Para complicar, emprestei-lhe dois livros com argumentos opostos sobre Deus: Deus um delírio, de Richard Dawkins; e Ortodoxia, de Chesterton. Quero ver o que ele vai decidir quando submetido a dois argumentos opostos de homens inteligentes. Ele, que sempre se diz racional, terá que decidir.

Com Dawkins, talvez meu amigo conclua: - Sim, Deus é mesmo um delírio. Adorar o sol me basta. Com Chesterton, talvez o meu amigo conclua: - Deus é mesmo um delírio, mas a vida não vale a pena se não for vivida como delírio. Fora isso ela é pura loucura sem graça. Melhor seria tornar-me um "maluco beleza".

Para completar a piração, emprestei-lhe dois livros que apresentam o Deus e a prática da religião segundo a visão hindu. Esse caminho foi seguido antes por C. S. Lewis que, ao abdicar do ateísmo, teve de escolher entre o Deus segundo o hinduísmo e o Deus segundo o cristianismo.

Acho que meu amigo, que se dizia "ateu, graças a Deus", acabará dizendo, em algum momento, "graças a Deus já fui um ateu". Pode até ser que ele se torne um cristão zen. De qualquer maneira, ele continuará pirado. Talvez ele torne-se um louco em Crito.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A sabedoria em ação

"Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. 1 Coríntios 2:14"

Filósofo, no sentido original do termo, é todo aquele que ama a sabedoria e a busca ativamente, em todas as dimensões da vida. Todo homem, para fazer justiça à sua condição racional, deveria ser um amigo da sabedoria e do conhecimento e, como tal, um filósofo.

Contudo, o termo filosofia deturpou-se, referindo-se, com o tempo, a homens cujo objeto "é incompreensível e inútil, pois não é confirmado por nenhum fato, nem por nenhum raciocínio claro", como afirmou o padre apologista cristão Hérmias, o Filósofo.

O cientista nasceu como sucessor do filósofo. Seu objeto de pesquisa deve ser algo palpável e acessível, diretamente ou por meio de instrumentos. Ele pode, sim, tratar de objetos invisíveis, desde que a meta seja, em algum momento, desvendá-los e torná-los compreensíveis por meio de modelos matemáticos ou conceitos manipuláveis, de forma a produzir os efeitos preconizados.

O religioso existiu antes da filosofia e da ciência, e continua firme com ou apesar da filosofia e da ciência. Ele pode tanto ser um prisioneiro da ignorância, atribuindo tudo o que é desconhecido a espíritos, ou usar as armas da filosofia e da ciência no mais alto grau. Seu diferencial está no pressuposto de agir, em todos os casos, baseado num princípio fundamental: o amor.

É claro que existe o religioso formal, que cultiva a "virtude das aparências" por conveniência diante dos homens, e o religioso real, que paga o preço do princípio fundamental em nome do qual age. É pressuposto, por exemplo, que ele ame até mesmo o seu inimigo, e que o ajude caso ele entre em desgraça.

O filósofo, o cientista e o religioso são confrontados pela realidade. Esta os ignora, e impõe-se a eles de forma impessoal, dando a cada um a chance de mostrar o que realmente é. Assim, a realidade está sempre desmascarando as ideias e as doutrinas dos filósofos, os conhecimentos supostamente científicos e as doutrinas anunciadas pelos religiosos.

O político, em sentido genérico, é aquele que tem consciência de que deve posicionar-se diante dos homens, no seu entorno ou além dele, de forma a influenciar de acordo com o que sua consciência o instrui. Ele é comandado pelo seu "educador introjetado", que lhe diz o que é certo ou errado no todo ou em parte.

Já ouve a esperança de que o político deveria ser um filósofo, mas o descrédito da filosofia deslocou essa esperança para o cientista ou engenheiro social. Contudo, algumas vezes o político foi submetido à supervisão da religião, tendo a religião chegado a dominar, pelo menos nominalmente, a realidade social vigente.

O homem concreto, no seu dia a dia, primeiramente reage ás circunstâncias que condicionam a sua sobrevivência, inicialmente como qualquer animal. Com o tempo ele pode tornar-se consciente de que pode e deve conhecer e, eventualmente, adquire alguma sabedoria, atue ele em qualquer campo de atividades.

Ninguém pode ser tomado por aquilo que diz ser. O que se é só pode ser revelado a longo prazo, e mesmo assim sabendo-se que esse longo prazo pode ser tão longo que a verdade sobre alguém só apareça muitos anos após sua morte. Sob este aspecto, a História é a portadora da verdade sobre os homens; e, sob a perspectiva do religioso, Deus está no comando da História.

A esperança permanente é que a ação humana seja feita com base em conhecimento. Entretanto, todos concordam que não é possível conhecer tudo e que cada decisão, em qualquer instância, é sempre um ato de fé. Se essa fé é do tipo secular, e é exercida sem o amor, o homem torna-se um robô, e mais robô ele se torna quanto mais se avança em tecnologia sem filosofia ou sem religião.

Parece-me que a solução está na permanente busca da verdade numa sociedade aberta, onde cada um é livre para buscar, mas sempre responsabilizando-se por sua liberdade sendo, inclusive, coagido no caso de usá-la mal, intencionalmente ou por incompetência. Na minha perspectiva religiosa, essa busca depende de fé, amor e o domínio da "dinâmica do conhecimento". E isso, para funcionar, depende da combinação de filosofia, ciência, religião e política. Em síntese, tudo depende de SABEDORIA.

Contudo, tudo que existiu, existe e existirá, partiu de uma existência prévia potencial em Deus. Assim, toda sabedoria vem de Deus, mas precisa ser atualizada pela experiência de vida. Ela depende, pois, de ação e reflexão, ao longo de toda a vida. Aos que vivem pelo amor a Deus, cumprindo a verdadeira missão do crente, creio que a sabedoria lhe vem mais cedo, pois a máxima sabedoria é obtida pela prática da Razão e do amor.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A religião presidida pela Razão

Começo esta reflexão lembrando que sou um leigo que pensa alto e que, em função disso, ela não tem valor teológico. Para que não fique dúvida, lembrarei isso novamente ao final do texto.

"No início era a Razão, e a Razão estava com Deus, e a Razão era Deus" (João 1:1, tendo sido a palavra Verbo substituída por Razão). Se aceitarmos esta afirmação como verdadeira, então a religião não só pode, como deve ser racional, no limite da capacidade humana, com a assistência de Cristo.

Por outro lado, "Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. 1 João 4:8". Se aceitarmos esta afirmação como verdadeira, a religião, necessariamente, deve ser promotora do amor e deve, como critério final, ser julgada pelos frutos do amor.

Embora, salvo melhor juízo, o amor não possa ser explicado pela razão, ele pode ser aceito pela razão como fazendo parte da realidade humana e, em verdade, como sendo a parte mais nobre da condição humana. Então, ao falar em razão em sentido pleno, inclui-se nela o amor, embora nela não se incluam os sentimentos passíveis de manipulação, enquanto todos os sentimentos contrários ao amor devam ser dominados para que não gerem os seus efeitos destrutivos.

Se a Razão está no controle, porém após sua submissão ao amor, podem-se combinar a lógica formal e a lógica dialética na busca da verdade, assim como propõem os cientistas, sejam eles crentes ou ateus. A análise precede a síntese, mas a síntese pode manifestar-se como intuição, esta, aparentemente, não sendo o fruto necessário e direto de raciocínios formais. A intuição, na visão de Einstein, vem de "outras regiões" e, pelo que parece, só vem para quem esteja intensamente envolvido com a busca da verdade. Para o crente, talvez a intuição possa ser atribuída à ação do Espírito Santo, mas ela não lhe é privativa.

O homem individual possui uma razão finita, embora de limites indeterminados. Ao agrupar-se com outros homens, a razão individual alimenta uma razão progressivamente mais ampla, sem a necessidade de se falar em Deus. Exceto nos casos em que essa associação torne-se a associação de massas não pensantes, cada indivíduo pode ter acesso a essa razão coletiva, e cada indivíduo pode alimentar esse campo coletivo. Essa é a perspectiva naturalista, mas útil para se lidar com a construção da riqueza material e cultural em sentido secular.

Porém, abrindo-se para o transcendente, o homem pode alimentar-se "religiosamente" da Razão que, no início estava com Deus, e era Deus. Ao fazer isso, ele não fica mais inteligente do que o ateu para lidar com assuntos materiais. Seu diferencial é outro: a vida do espirito.

Jesus, sendo homem, tinha uma razão finita. Cristo, sendo o Filho do Deus vivo, é a própria Razão. Jesus Cristo, o Deus encarnado, tornou-se o ponto de contado entre o humano e o divino, tomando-se o homem como criatura. Por outro lado, está escrito no Salmo 82:6: "Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo.". Então, o homem é criatura, mas também filho, e ele só poderia saber que é filho por intermédio de Cristo; daí que, pelo conhecimento dessa realidade, ele se torna filho do Altíssimo por adoção.

Assim, o homem, tornado filho adotivo do Deus Altíssimo por meio de Jesus Cristo, ou despertado por Jesus Cristo para sua filiação divina, dependendo da teoria adotada, tem sua razão humana integrável a outras razões humanas e, no limite, à razão da Humanidade como um todo. Porém, se tiver fé em Jesus Cristo, seu Salvador, poderá ter acesso à Razão, que estava com Deus, e era Deus, isto é, o Cristo.

Na minha opinião, a religião poderia ser repensada a partir dos pressupostos anteriores.

Na sua acepção genérica de "um sistema de orientação e devoção", conforme Erich Fromm, a religião pode ser distorcida em muitos sentidos. Ela pode basear-se na satisfação dos desejos humanos, e em emoções passíveis de manipulação, esta sendo a religião antropocêntrica, geralmente tácita. A "religião" do consumo está nesta categoria.

A religião antropcêntrica, aquela da análise de Feurbach, pode, sob a perspectiva desta reflexão, ser vista como uma realidade. A religião agradável a Deus, aquela defendida por Tiago, torna-se acessível a todos, enquanto o Evangelho de Cristo torna-se possível para aqueles que O encontraram em espírito e em verdade.

A religião comandada pela Razão, isto é, pelo próprio Cristo, ou estabelecida no Nome de Jesus, não necessita de formalismos excessivos, pois basta o amor para dar-lhe suporte, assim como ocorre com a educação bem sucedida em geral. A meta é o crescimento do ser humano, de forma que assuma sua responsabilidade por conhecer e praticar a verdade.

Contudo, a verdade, em sentido profundo, raramente pode ser conhecida. Sob a perspectiva secular, de acordo com Karl Popper, por exemplo, pode-se caminhar para ela por aproximações sucessivas, mas não há garantia de se alcançá-la plenamente. Sob a perspectiva religiosa, segundo o Apóstolo Paulo, a verdade pode ser conhecida, a priori, pela fé e pelo amor, mas em sua plenitude, somente quando houver o resgate do crente pela segunda vinda de Jesus.

A educação, portanto, não pode esperar pelo pleno conhecimento da verdade. Sob a perspectiva secular, ela deve assentar-se sobre axiomas éticos, como o respeito pelo outro. Sob a perspectiva religiosa, sobre um axioma principal que, no caso do cristianismo, é o amor. Em ambos os casos deve-se ensinar o educando a lidar com a dinâmica do conhecimento, deixando claro o papel da fé, seja em sentido religioso ou não.

Justifica-se, sob esta perspectiva, que tais axiomas tenham sido desdobrados como dogmas, na forma de algum manifesto, ou Profissão de Fé, pois, de outra forma, eles teriam sido questionados pela mente curiosa, e abandonados com muita facilidade. Entretanto, deve-se tomar cuidado para que tal desdobramento não se estenda mais do que o necessário, quando poderiam surgir mais ocasiões para dúvidas. Isso, em especial, nestes tempos de grande disponibilidade de informação e liberdade de consciência, embora a própria informação seja, em grande parte, disponibilizada por grupos de interesse.

Uma religião comandada pela Razão, portanto, pode ser simples, embora não seja fácil de ser praticada. Ela pode, com base no conhecimento da natureza humana, usar "pontos de contato", ou, usando outra terminologia, "meios instrumentais" para educar o homem cuja razão ainda não está madura o suficiente de forma a unir-se à Razão, que é Cristo. Nisso, a Igreja Católica Apostólica Romana teve muita sabedoria.

Porém, tais subterfúgios podem tornar-se empecilhos ao crescimento da razão e, em certo sentido, promover a religião antropocêntrica, conforme apontaram os reformadores protestantes. Estes, por sua vez, ao privilegiarem a liberdade do indivíduo, abriram caminho para a subjetividade que gerou versões do cristianismo que eles mesmos condenam como sendo frutos da emoção deficiente de razão, ou mesmo da má consciência.

Creio, então, que uma religião presidida pela Razão deve submeter-se à simplicidade legada por Jesus por Cristo, com base no amor, e instrumentalizada conforme Tiago 1:27: (A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.). Trata-se, no fundo, de um processo de crescimento para a autorrealização do potencial racional do homem, tendo Cristo como fiador.

Contudo, a fonte original dessa religião racional será sempre reinterpretada por homens e instituições falíveis. Em alguns casos, lobos e charlatães assumem o comando, impondo seus interesses e deficiências a ovelhas carentes em termos racionais e emocionais. É compreensível, assim, que nasçam distorções na religião, seja nas instituições mais sérias ou naquelas que já foram, desde o início, projetadas como meros negócios religiosos.

A solução final, na minha opinião, só poderá ser dada quando Cristo voltar à Terra como interlocutor direto, pois os seus representantes já deram provas suficientes de sua falibilidade. Enquanto isso, o próprio ataque à religião por ateus ativistas é um mal necessário para que ela se depure. Não há que ter medo. Se a religião for fruto do engano, que seja abandonada pelos seres racionais. Se não, que seja fortalecida ainda mais. Porém, os erros que são cometidos em seu nome não podem ser preservados de nenhum ataque, sob pena de ela tornar-se a verdadeira inimiga de Cristo.

Encerrando, repito o que foi dito no início: tudo o que eu disse nesta reflexão é a opinião de um leigo cuja fraca razão procura apoio na Razão, que é Cristo.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A fragilidade do discurso sobre Deus

Pode o crente convencer alguém sobre a existência de Deus quando a sua vida é um exemplo de que Deus não existe para si? Sim, ele pode convencer algumas pessoas de razão deficiente.

Pode o ateu convencer alguém de que Deus não existe quando é fato que ele nunca O pesquisou da forma apropriada, com fé e amor? Sim, ele pode convencer algumas pessoas de razão deficiente.

Pode o crente fazer diferença quando acredita em Deus da mesma forma que os demônios acreditam? Tiago desmoralizou esse tipo de crente, e melhor seria que ele se calasse.

Deus, que por definição é incompreensível, não é acessível de forma objetiva à razão finita.

Deus, como mistério, só é acessível aos místicos; mas, a experiência do místico só é suficiente para si mesmo. Se ele tornar-se pregador antes de ser um exemplo vivo da ação divina nele, é justo que seja tido por charlatão.

O ateu está certo: Deus não existe para si. O crente também está certo: Deus existe para si. Entretanto, se Deus é Deus, Ele transcende a existência material, permeia tudo e é independente de tudo, acredite-se nEle ou não.

Deus, como palavra, é nada. Como termo técnico, é uma convenção. A "coisa em si", o que ela é? Deus é um bom nome para ela?

O ateu teórico pode estar mais alinhado com a prática do amor de Deus do que o crente teórico, este, muitos vezes, um ateu prático.

É preciso, pois, reconhecer a fragilidade do discurso sobre Deus. Os que acreditam que Deus é amor sabem que nenhum discurso pode explicar o amor. Ele só pode ser vivido.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Alguns Belos Hinos Tradicionais

Sossegai. Clique aqui.

Mais Perto Quero Estar. Clique aqui.

Santo! Santo! Santo! Clique aqui.

Firme nas Promessas. Clique aqui.

Vencendo Vem Jesus. Clique aqui.

Chuvas de Bençãos. Clique aqui.

Brilhando, Brilhando! Clique aqui.

Quão Grande És Tu. Clique aqui.

Manso e Suave. Clique aqui.

Deixa a Luz do Céu Entrar. Clique aqui.

Achei um Grande Amigo. Clique aqui.

Mais Alvo que a Neve. Clique aqui.

Eu Sei em Quem Tenho Crido. Clique aqui.

Seu Sangue Tem Poder. Clique aqui.

Pendão Real. Clique aqui.

Deus nos Guarde. Clique aqui.

Vinde Meninos. Clique aqui.

Castelo Forte. Clique aqui.

Vem, Alma Cançada. Clique aqui.

Deus Cuidará de Ti. Clique aqui.

Oh! Que Belos Hinos. Clique aqui.

Sublime Amor. Clique aqui.

Saudai o Nome de Jesus. Clique aqui.

Mui Triste eu Andava. Clique aqui.

Conta as Bênçãos. Clique aqui.

De Ti, Careço ó Deus. Clique aqui.

Sou Forasteiro Aqui. Clique aqui.

Bendita a Hora de Oração. Clique aqui.

O Jardim de Oração. Clique a qui.

Sou Feliz com Jesus. Clique aqui.

Porque Ele Vive. Clique aqui.

Nunca de Deixarei. Clique aqui.

Face a Face. Clique aqui.

Fortalece Tua Igreja. Clique aqui.

Rude Cruz. Clique aqui.

Ouve-nos Pastor Divino. Clique aqui.

Louvai-O. Clique aqui.

Sempre Alegre. Clique aqui.

Fé é a Vitória. Clique aqui.

Cristo Já Ressuscitou. Clique aqui.