quarta-feira, 11 de abril de 2012

O cristianismo e a transformação social


O cristianismo é a religião da transformação social. Pressupõe que essa transformação se inicie pela conversão pessoal a uma nova maneira de viver. Sua identidade compõe-se de missão, visão de futuro e do cultivo de algumas virtudes gerais e especiais.  Reconhece que o homem deve realizar suas atividades na Terra em meio às incertezas do ambiente. Recomenda a  ação transformadora no dia-a-dia a partir das pequenas oportunidades que se manifestam a cada pessoa.

A missão do cristão é “absorver, praticar e disseminar a Palavra” e, assim, dominar o pecado – prática do desejo inconveniente -, tornando-se agradável aos olhos de Deus. Essa exigência de domínio do pecado/desejo foi feita em Gênesis 4:7, e permeia toda a Bíblia como um dos seus temas centrais. Após a queda o homem deixou de ser perfeito, mas manteve-se  perfectível por meio da graça que, concretizada pela fé, gera boas obras.

A visão de futuro do cristão está registrada em várias passagens bíblicas, e  refere-se tanto à Terra como ao Céu. Aquele que perseverar na prática da Palavra viverá no eterno gozo da presença do Senhor. A Terra transformada será local de paz, prosperidade, justiça e beleza. O seu futuro deve ser construído, na Terra, com a ajuda de Deus, mas ele próprio é o agente que coloca em ação os dons e talentos que lhe foram dados. Quanto ao seu futuro no Céu, ele depende de Deus, mas cada um terá o galardão das obras que sua fé tiver proporcionado, no uso da graça que lhe foi dada.

As virtudes do cristão compreendem aquelas de natureza cívica, como a coragem, a temperança,   a justiça e a sabedoria, mas as ultrapassa pela  fé,  pelo amor e pela esperança. Entre essas excelentes virtudes destaca-se o amor, que jamais comete o mal contra o próximo. Quando praticadas e refletidas produzem seres humanos transformados em fontes de  luz num mundo assombrado pelas  trevas da ignorância e do desejo insaciável.

Quando atinge sua fase final de crescimento, o cristão pode vir a conhecer a Deus por experiência própria, e não apenas por ouvir falar a Seu respeito. Essa experiência que, para os místicos, consiste em fazer-se um com Deus, leva-o a encontrar o Reino de Deus dentro de si e no meio da sua comunidade. O conhecimento de Deus dispensa a crença hipócrita que coloca o homem em situação inferior à do diabo que, como sabemos, também crê, embora seja contra.

Há várias passagens bíblicas que oferecem sínteses poderosas  da identidade cristã que leva à transformação pessoal e, por extensão, à transformação social. Entre elas podem-se citar: “fazer aos homens aquilo que quer que eles lhe façam”; “cuidar dos desprotegidos em geral” e, como síntese das sínteses, “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

O cristão propõe-se carregar um fardo que no começo pode parecer pesado e amargo  mas que, no fim, torna-se leve e saboroso. Pelo autodomínio, torna-se senhor de si. Pela fé, transforma a fraqueza inicial em força invencível. Pela esperança, torna-se construtor do futuro. Pelo amor, torna-se bálsamo para o  sofrimento alheio.

Para o cristão não há derrotas, apenas experiências de crescimento em Cristo. Ele pode começar a transformação social com um sorriso, um aperto de mãos ou um ato de solidariedade. Contudo, os bons frutos dessa boa árvore só acontecem, realmente, mediante o novo nascimento em Cristo.