O cristianismo é a religião da transformação social.
Pressupõe que essa transformação se inicie pela conversão pessoal a uma nova
maneira de viver. Sua identidade compõe-se de missão, visão de futuro e do
cultivo de algumas virtudes gerais e especiais.
Reconhece que o homem deve realizar suas atividades na Terra em meio às
incertezas do ambiente. Recomenda a ação
transformadora no dia-a-dia a partir das pequenas oportunidades que se manifestam
a cada pessoa.
A missão do cristão é “absorver, praticar e disseminar a
Palavra” e, assim, dominar o pecado – prática do desejo inconveniente -,
tornando-se agradável aos olhos de Deus. Essa exigência de domínio do
pecado/desejo foi feita em Gênesis 4:7, e permeia toda a Bíblia como um dos
seus temas centrais. Após a queda o homem deixou de ser perfeito, mas
manteve-se perfectível por meio da graça
que, concretizada pela fé, gera boas obras.
A visão de futuro do cristão está registrada em várias passagens
bíblicas, e refere-se tanto à Terra como
ao Céu. Aquele que perseverar na prática da Palavra viverá no eterno gozo da
presença do Senhor. A Terra transformada será local de paz, prosperidade,
justiça e beleza. O seu futuro deve ser construído, na Terra, com a ajuda de
Deus, mas ele próprio é o agente que coloca em ação os dons e talentos que lhe
foram dados. Quanto ao seu futuro no Céu, ele depende de Deus, mas cada um terá
o galardão das obras que sua fé tiver proporcionado, no uso da graça que lhe
foi dada.
As virtudes do cristão compreendem aquelas de natureza
cívica, como a coragem, a temperança, a
justiça e a sabedoria, mas as ultrapassa pela
fé, pelo amor e pela esperança.
Entre essas excelentes virtudes destaca-se o amor, que jamais comete o mal
contra o próximo. Quando praticadas e refletidas produzem seres humanos
transformados em fontes de luz num mundo
assombrado pelas trevas da ignorância e
do desejo insaciável.
Quando atinge sua fase final de crescimento, o
cristão pode vir a conhecer a Deus por experiência própria, e não apenas por
ouvir falar a Seu respeito. Essa experiência que, para os místicos, consiste em
fazer-se um com Deus, leva-o a encontrar o Reino de Deus dentro de si e no meio
da sua comunidade. O conhecimento de Deus dispensa a crença hipócrita que
coloca o homem em situação inferior à do diabo que, como sabemos, também crê,
embora seja contra.
Há várias passagens bíblicas que oferecem sínteses
poderosas da identidade cristã que leva
à transformação pessoal e, por extensão, à transformação social. Entre elas
podem-se citar: “fazer aos homens aquilo que quer que eles lhe façam”; “cuidar
dos desprotegidos em geral” e, como síntese das sínteses, “amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
O cristão propõe-se carregar um fardo que no começo pode
parecer pesado e amargo mas que, no fim,
torna-se leve e saboroso. Pelo autodomínio, torna-se senhor de si. Pela fé,
transforma a fraqueza inicial em força invencível. Pela esperança, torna-se
construtor do futuro. Pelo amor, torna-se bálsamo para o sofrimento alheio.
Para o cristão não há derrotas, apenas experiências de
crescimento em Cristo. Ele
pode começar a transformação social com um sorriso, um aperto de mãos ou um ato
de solidariedade. Contudo, os bons frutos dessa boa árvore só acontecem,
realmente, mediante o novo nascimento em Cristo.
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