terça-feira, 30 de agosto de 2011

A questão dos milagres

Um milagre é a ocorrência de um fenômeno excepcional que, aparentemente, viola uma lei natural. Ora, para o ignorante, que não conhece as leis da natureza, tudo é milagre. Para o especialista, como o astrônomo, não há milagres no seu campo.

Se partirmos de um ponto de vista mais amplo, tudo é milagre, pois não temos explicações últimas para nada, a não ser pela fé. Por outro lado, nada é milagre, pois, presumivelmente, tudo acontece segundo leis, ainda que desconhecidas.

O maior milagre é a vida. Ainda que os especialistas do ramo possam interferir nos fenômenos aos quais ela está ligada, nenhum deles jamais deu uma explicação satisfatória sobre sua origem e destino. Toda explicação científica a respeito parece tão infantil que nem merece ser levada em consideração.

Há pessoas que clamam por milagres pelo simples fato de terem medo de morrer ou de sofrer. Outras querem o milagre da prosperidade sem trabalho inteligente. Nos dois casos, quando ocorrem, os milagres podem ser contraproducentes, pois podem alimentar a indolência e o egoísmo. Esse tipo de pessoa está disposta a pagar pelos milagres recebidos como num negócio com Deus.

Assim como o homem não vive só pelo pão, não deve esperar viver por milagres. Contudo, cabe a Deus decidir quando um milagre deve ser feito para educar as suas criaturas. Ele é o Senhor dos milagres!

Apesar de acreditar que tudo é milagre, preciso de alguns milagres especiais. Se eles vierem, espero usá-los com fins educativos. Se não vierem, espero aprender algo útil com as lições inerentes à situação.

Seja feita a vontade Deus!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A autorrealização do deus que está no homem

A Bíblia afirma coisas que não entendo. Por exemplo, a predestinação para o céu ou para o inferno. Quanto a tudo que não entendo, não aceito escolher entre interpretações conflitantes feitas por pessoas igualmente qualificadas e piedosas. Assumo minha ignorância e procuro viver com ela até que receba iluminação da parte do Pai.

Por outro lado, há afirmações que sou obrigado a aceitar e agir de acordo com elas. A alternativa é rejeitar a Bíblia como fonte de uma religião racional. Por exemplo, está fora de cogitação, para mim, duvidar que toda a Lei se realiza no amor, conforme está descrito em diversas passagens. Mas sei que a vida não é só amor, mas também luta contra obstáculos materiais e contra o desejo desmedido.

Aceito, sem qualquer sombra de dúvida, que a Verdade, que é Deus, contém, em si mesma: a Razão, o Amor, a Fé, e tudo o mais que for pertinente. Acredito que, em relação a Ele, devemos agir como fieis depositários dos Seus Mandamentos, evitando excesso de palavras para expressar nossa ignorância a Seu respeito. Sobretudo, não nos cabe fazer afirmações indevidas sobre o Seu escopo de atuação.

De repente minha atenção se concentrou nas seguintes passagens, as quais aceito sem questionamento, independentemente de serem literais ou analógicas:

E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. Gênesis 2:7

Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo.Salmo 82:6

Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? João 10:34

Essas passagens, aceitas como axiomas, não precisam ser provadas. Contudo, há consequências lógicas implícitas na sua aceitação. Ela dá ao homem um valor potencial elevado a ser realizado durante sua vida. A necessidade de autoconhecimento torna-se mais intensa, uma vez que, assim como afirmou Platão, "o homem é um deus, mas disso se esqueceu". Delimitando bem a situação, foi dito que o o homem é deus, filho do Altíssimo, mas não é Deus. Sob esta perspectiva, deus pode ser sinônimo de espírito, enquanto Deus, sinônimo de Espírito, ou Altíssimo.

O homem, conforme acredito, precisa adquirir esse conhecimento sobre si mesmo. Enquanto não o faz, ele é, realmente, um miserável pecador. Quanto ao ignorante pecador, disse Jesus: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. (...). Lucas 23:34". Contudo, parece-me lógico que, ao conhecer sua essência, e rejeita-la, querendo isolar-se, ou competir com Deus, esse tipo se torna o diabo.

Entretanto, o deus potencial que o homem é, deve realizar-se pela educação. E isso exige professores autorrealizados para conduzí-la. O exemplo máximo de professor é Jesus Cristo. Seus representantes na Terra não são aqueles que a religião formal designa como tais, mas aqueles que vivem segundo suas Palavras, que são o amor em ação, juntamente com a razão, e que exige fé e esperança.

O deus potencial que existe no homem torna-se atual pela dinâmica existencial, isto é, a sua luta pelas condições de existência. Nessa luta, ele passará por muitas tribulações, e as tribulações, ao serem enfrentadas com fé, amor e esperança, sob a coordenação da razão, geram o homem com domínio próprio, ou autorrealizado em Cristo. Tendo sofrido, esse homem pode compreender o sofrimento do próximo. Tendo amado e sido amado, ele pode amar.

Contudo, não temos controle sobre a autorrealização de ninguém. Cabe-nos apenas semear, cuidar e dar o exemplo. Deus cuidará do crescimento e ceifa, separando o joio do trigo quando lhe aprouver.

domingo, 7 de agosto de 2011

Lula e a Bíblia

Se já é difícil para teólogos experimentados interpretar a Bíblia, imaginem o quanto é arriscado aceitar sua interpretação pelo versátil ex-presidente Lula. Não devido a sua falta de inteligência. Ele é até mais inteligente do que muitos teólogos do passado e do presente.

Lula afirmou:"Bobagem, essa coisa que inventaram que os pobres vão ganhar o reino dos céus. Nós queremos o reino agora, aqui na Terra. Para nós inventaram um slogan que tudo tá no futuro. É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico ir para o céu. O rico já está no céu, aqui. Porque um cara que levanta de manhã todo o dia, come do bom e do melhor, viaja para onde quer, janta do bom e do melhor, passeia, esse já está no céu".

Duas hipóteses sobre Lula como intérprete da Bíblia:

1. Lula é um materialista assumido, conforme faz crer sua declaração
Se assim for, sua afirmação está coerente com sua opção, mesmo sua interpretação estando errada. Se o materialista convicto há que ir para o inferno, é razoável que viva focado na obtenção de alguns prazeres aqui e agora.

2. Lula não sabe do que está falando
Este parece ser o caso. As passagens por ele citadas não impedem ninguém de possuir riquezas materiais. Elas apenas alertam que as pessoas podem tornar-se escravas da riqueza material e, assim, descuidar-se de sua riqueza espiritual.

Conclusão
Lula falou pelos cotovelos.