quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ainda bem que sou fraco e, ao mesmo tempo, forte

Eu sempre quis ser forte emocionalmente. Desde a infância procurei, instintivamente, tornar-me imune a decepções de toda natureza. De fato, consegui algum sucesso a respeito. Pude blindar-me contra as decepções comuns, esperando tudo de todos, de bom ou de ruim.

Porém, eu quase me tornei inútil para o meu próximo. Ficando além da fraqueza comum, passei a transferir meu programa para os outros. Não suportava expressão de dor, ou reclamações. Eu queria que todos ao meu redor já tivessem alcançado um domínio próprio excepcional, tornando-se, como os espartanos, prontos para morrer ou para viver, sem prantos.

Graças a Deus eu estava errado. Em primeiro lugar, minha força era apenas aparente. Quando fui testado, a fraqueza se manifestou no meu coração. Emoções que eu julgava ter vencido voltaram de forma esmagadora. Minha capacidade de distanciamento das situações emocionalmente explosivas ruiu. Vi que minhas fraquezas continuavam dentro de mim. Felizmente, percebi que ainda era humano.

Agora posso entender Paulo um pouco melhor. Se é para ajudar alguém, é preciso compreender suas fraquezas no fundo da alma. Sem compreendê-las, tornamo-nos carrascos, mais do que pastores de almas. Ser tudo para todos, como disse Paulo, implica ser capaz de chorar com os que choram, de sofrer com os que sofrem, não de forma definitiva, mas o suficiente para fazer contato com a realidade interior de cada um.

O santo que se tornou imune a qualquer sentimento é inútil. A menos que tenha a capacidade de, provisoriamente, tornar-se fraco. Um estado mental e emocional fixo não é apropriado para quem vive na Terra. Porém, é preciso ser capaz de viver as emoções e, ao mesmo tempo, distanciar-se delas, vendo tudo como se fosse num filme. Se não for assim a vida torna-se insuportável.

Estou mais alegre agora. Eu, que pensava ser muito forte, sou tão fraco quanto o mais fraco. E, ao mesmo tempo, sou forte. Tudo posso naquele que me fortalece, inclusive sofrer o que os mais fracos sofrem. Assim, posso conectar-me com a realidade e preparar-me para transformá-la junto com o meu próximo.

Obrigado, meu Deus, por ter-me feito fraco e, ao mesmo tempo, forte. Agora entendo que, para compreender a natureza humana, nada do que é humano me pode ser estranho. Mas, isso com a finalidade de transcender o humano, visualisando a existência do puramente espiritual para toda a eternidade.

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