quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A doutrina rigorosa e a doutrina relevante

A realidade impõe-se ao homem, sem piedade. Ela lhe diz: - decifra-me ou morra!

Entretanto, ao envolver-se com a realidade, o homem pode fazê-lo de forma rigorosa, como fazem os acadêmicos e os cientistas, ou de forma relevante, como fazem os homens práticos sem formação teórica sistemática nos seus campos de atuação.

A justiça, na sua forma rigorosa, é uma ilusão, disse Hans Kelsen no seu livro A Ilusão da Justiça. Isso foi ilustrado muito bem no filme O Mercador de Veneza. Assim também ocorre com a doutrina rigorosa. Pode-se dedicar a vida toda a ela sem que se consigam os resultados mais elementares conseguidos por aqueles que apenas praticam o bom senso no dia-a-dia.

A doutrina rigorosa foi defendida tanto pela Igreja Católica Apostólica Romana como pelos Reformadores do Século XVI. E ambos ficaram em lados opostos em muitos assuntos, preferindo a eliminação física mútua do que arrefecer o rigor de suas doutrinas. O rigor a que se referiam tinha natureza lógica, mas não era ratificado nem corrigido pela prática.

Enquanto isso, o amor, que não se submete a qualquer tipo de doutrina, foi posto de lado, ou interpretado de forma a atender os interesses dos doutrinadores rigorosos. Contudo, o amor só pode ser encontrado onde é praticado de forma relevante, sem necessidade de qualquer teoria. Ninguém consegue explicar o amor, mas todos o identificam quando o veem em ação.

Assim, pode-se dizer que há muitas doutrinas conflitantes entre si que se dizem rigorosas, e apenas uma doutrina relevante: a do amor. Pratiquemos, pois, o amor onde quer que estejamos. Na prática ele signfica respeitar e cuidar de forma incondicional daqueles que necessitam de nós e que estão ao alcance de nossas ações ou palavras confortadoras.

Sejamos, pois, rigorosos na doutrina, se possível; porém, sempre relevantes na atenuação do sofrimento do próximo!

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