terça-feira, 13 de julho de 2010

Hábitos, virtudes e senso crítico

Esta reflexão não partiu de uma pesquisa focada. Contudo, já li, em tempos passados, bons autores sobre os temas do título acima. Se você quiser estudar o assunto, consulte, entre outras fontes:

1) Ética a Nicômaco, de Aristóteles;
2) As Virtudes e os Hábitos, na Suma Teológica de Tomás de Aquino;
3) O Evangelho segundo João;
4) A primeira epístola de Pedro;
5) As epístolas do Apóstolo Paulo, em especial, Romanos.

Os hábitos são disposições a que se acomodaram o corpo e o espírito. As virtudes são as disposições passíveis de mobilizar as ações em certo sentido ao invés de outro. O senso crítico é a capacidade de analisar e julgar.

Adquirir bons hábitos é um excelente investimento, pois eles são difíceis de fixar e, quando fixados, difíceis de mudar. Ter o hábito de cuidar da higiene pessoal, de respeitar o próximo, de limpar e não sujar, de ordenar os meios para se atingirem fins, entre outros, faz parte do capital humano para lidar com as exigências da vida por toda a vida.

Contudo, é preciso desenvolver as virtudes universais, válidas em qualquer tempo e lugar. Talvez elas possam ser desenvolvidas também commo hábitos. Elas podem ter diversos nomes, mas foram sintetizadas no Catecismo Católico (www.vatican.va) como: justiça, firmeza, temperança e prudência. Em verdade, essa nomenclatura vem de Platão. Os cristãos ditos reformados aceitam parte dessa nomenclatura, mas incluem outras de sentidos equivalentes ou que ampliam o seu campo de ação; por exemplo: industriosidade, integridade e vontade.

Porém, sobretudo, é necessário desenvolver o senso crítico para, acionando as virtudes universais, e de posse dos bons hábitos, julgar cada situação particular da vida e agir de acordo com as exigências das circunstâncias. Se selecionarmos alguns temas vitais para a sociedade e o indivíduo no século XXI, podemos decidir focar nossas ações.

Por exemplo, poderíamos pensar, como no Programa 5S, nos sensos de: utilização, ordenação, limpeza, saúde e autodisciplina.

Com o senso de utilização podemos criar o hábito de não desperdiçar, além de dar a melhor utilização aos recursos disponíveis. Isso implica ter a consciência de que as pessoas têm necessidades e que, eventualmente, confundem-na com seus desejos. Aplicando o senso crítico, podemos abster-nos do consumo destrutivo.

Com o senso de ordenação criamos as condições para que os recursos sejam transformados, distribuídos e, finalmente, usados. Fazendo com que cada coisa esteja em seu lugar, e que se tenha um lugar para cada coisa, podemos avançar e pensar que cada um deve ter e fazer o que lhe compete. Sob essa perspectiva, justiça e ordem se equivalem. E, assim, pode-se obter uma maior eficiência na utilização dos recursos, sob algum padrão de qualidade do bem ou serviço produzido.

Com o senso de limpeza, podemos eliminar os obstáculos que impedem o fluxo de informações e materiais, assim como as emoções negativas que impedem o bom relacionamento e a boa qualidade da vida social. Não sujar é a regra fundamental, mas, se necessário, é preciso pegar na vassoura e limpar. Promover a alegria de viver, em ambiente livre de medo, de inveja, de cobiça e de sentimento de vingança. Perdoar o erro honesto, entre outras atitudes, pode fazer parte de um modo de vida verdadeiramente cristão.

A prática persistente desses três sensos leva ao senso de saúde. Os dicionários dizem que saúde vem de salvação e conservação da vida. A saúde, em sentido pleno, é que produz a felicidade projetável na eternidade. Teremos saúde perfeita somente quando estivermos com Deus, mas podemos experimentar aqui mesmo alguns momentos da alegria e da felicidade que a saúde plena nos fará sentir na eternidade.

Entretanto, na Terra precisamos desenvolver a autodisciplina nos limites das nossas possibilidades. Isto é, devemos não apenas seguir ordens, mas, aplicando o nosso senso crítico, tomar a iniciativa de fazer o que deve ser feito. Assim, combinando hábitos, virtudes e o senso crítico, consolidaremos nossa autodisciplina, que nos leva a cuidar de nossa saúde, que nos dará força e disposição para ordenar os meios para produzir e utilizar os bens e os serviços necessários ao nosso bem-estar individual e coletivo. Tudo isso pensando na sustentabilidade das gerações futuras.

Essa agenda que parece ser tão natural exige, contudo, que tenhamos fé, amor e esperança. Nosso patrono para seguir esse caminho é Jesus Cristo, com todo apoio que conseguirmos daqueles que já são seus íntimos seguidores, formais ou informais.

Eis uma boa agenda para revitalizar o cristianismo crítico e prático.

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